Madeira

A facilidade para obter madeira nativa aliada à possibilidade de produzir Carvão Vegetal (CV) com tecnologias rudimentares e de usar estes biocombustíveis também com tecnologias simples explica porque foram estas as primeiras fontes de energia dominadas pelo homem foi a única importante até meados do século XVIII.

A associação da energia da madeira ao primitivismo moldou a idéia de que a energia da madeira dispensa regulamentos ou normas como ocorre como são definicas para a gasolina, diesel, etanol, energia elétrica etc.. Essa associação prejudicou a desenvolvimento de uma política energética para a madeira e resíduos de biomassa, importante fontes renováveis e competitivas. São restrições culturais que podem ser contornadas.

A biomassa “in natura” é um combustível heterogêneo com umidade elevada, dimensão e composição irregulares e densidade energética baixa. Seu uso industrial ocorre no setor de papel e celulose onde o vapor e energia elétrica são produzidos em sistemas de alta eficiência (co-geração) usando os resíduos florestais disponíveis perto da indústria.

No Brasil as indústrias de alimentos, cerâmica vermelha e gesseira usam a madeira “in natura” para a produção de calor. Grande parte dessa madeira, porém, têm orígem em florestas nativas. A indústria de gusa e ferros-liga é a principal consumidora empregando o CV como termo-redutor. Um terço do ferro-gusa produzido no país tem essa origem. Algumas indústrias deste ramo verticalizam a produção de energia plantando florestas e produzindo o CV em suas unidades industriais. Um grande número, no entanto, compra o CV de terceiros, em grande parte produzidos com madeira nativa, em fornos de baixa eficiência.

O processamento das biomassas permite produzir grande variedade de biocombustíveis derivados com densidade energética mais elevada, homogêneos e mais apropriados para atender as necessidades energéticas modernas.

A política energética não os considera o CV e de outros biocombustíveis sólidos e gasosos. A produção, comercialização, logística e utilização das bioenergias dessa cadeia e de seus derivados não estão sujeitas a qualquer regulamentação de natureza energética. Na prática, têm tratamento assemelhado ao dado aos biocombustíveis de uso residencial e rural, cuja obtenção e uso ocorrem em grande parte à margem de uma cadeia formal da economia e sem intermediação comercial.

Será preciso remover barreiras econômicas e culturais e a evolução tecnológica será uma consequência. Barreiras culturais são sutís, mas não menos importantes: o mimetismo cultural, por exemplo, tende a descartar soluções que não foram desenvolvidas nas economias mais antigas e industrializadas. Certo temas – como o gás do xisto na atualidade – ainda muito distantes da realidade brasileira atraem mais atenção do que o carvão vegetal, um excelente biocombustível.

No Brasil, o mercado e a produção de pellets e briquetes começam a se organizar, mas a produção usa uma fração mínima dos resíduos de biomassa existentes. Isto pode ser uma mudança importante no mercado de biocombustíveis tendo em vista o grande volume de resíduos de biomassa (sobretudo no setor de cana) e a possibilidade de serem plantadas gramíneas de crescimento rápido para servirem de insumo.

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